Esta crónica não foi visada por qualquer comissão executiva — πολύτροπον - "de muitos caminhos"
Carta semanal de Rui Tavares | 12 de janeiro de 2024
Olá amigas e amigos,
Bem-vindas e bem-vindos a πολύτροπον (diz-se polítropon) - a minha carta semanal "de muitos caminhos". Esta semana caminhamos pelo Porto e cruzamos o nosso caminho com profissionais da cultura e educação, assim como a necessidade de proteger a imprensa livre e com ela a democracia. Tivemos uma conversa sobre memória que ficará na memória, e outra que irá acontecer sobre “Um Planeta para a Liberdade dos Futuros”. Continuamos ainda com o apoio de que precisamos para eleger um grupo parlamentar. E também relembramos, neste inverno, o Programa 3C — Casa, Conforto e Clima — e os vales eficiência para combater a pobreza térmica.
— E… No final da carta, partilho excertos de um ensaio publicado na Revista do Expresso que explica o nome desta carta (o primeiro adjetivo que Homero usa para descrever Ulisses na Odisseia).
Ah! Lembro que πολύτροπον (diz-se polítropon) - "de muitos caminhos" é inteiramente gratuita.
(Quem não quiser receber este email, é só clicar em "unsubcribe" abaixo, ou enviar mensagem solicitando a retirada da minha lista de contactos.)
Um abraço e um boa ano a todas e todos!
Rui
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Esta crónica não foi visada por qualquer comissão executiva
Aqui está um excerto da minha crónica no Expresso que será a última crónica até às eleições.
A comunidade politicamente organizada, a que chamam estado, não pode ficar indiferente a este problema, e provavelmente já o ficou tempo demais. O poder judicial tem de investigar as queixas de gestão danosa do grupo, a entidade reguladora tem de agir perante a violação da lei; o problema é se a demora com que o fazem pode colocar o ónus da salvação do grupo no governo, que ainda por cima está em gestão.
O ministro da tutela, Pedro Adão e Silva, colocou esta semana as coisas em termos de “se o governo pode, ou quer, fazer alguma coisa”. A questão de “poder” está em aberto: um governo em gestão tem poderes para fazer aquilo que é urgente e inadiável na salvaguarda de valores constitucionais. O pluralismo não vale menos do que a estabilidade financeira ou a sanidade pública, que já mereceram intervenções bem mais vigorosas de governos em gestão. A questão do “querer”, compreendo-a: ninguém quer ser colocado perante esta decisão. O problema para o ministro e o governo não está no verbo “poder”, nem no verbo “querer”. Está no verbo “dever”.
Todos nós temos um dever. O meu é agora terminar esta crónica, e suspendê-la, por razões eleitorais. Espero, quando voltar, encontrar a democracia e liberdade de imprensa no mesmo sítio: sempre a mudar, mas sempre as mesmas. Só que não nos basta esperar. Temos que fazer por isso. Cada um à sua maneira. E eu na minha. Até já, e boa sorte.
A crónica completa está no Expresso (cliquem no link para o texto completo para assinantes).
"Só como e bebo. Por acaso, trabalho."
Contente por ter participado do "Só como e bebo. Por acaso, trabalho." com Fábio Porchat. Tivemos uma conversa sobre memória — que ficou na memória — numa mesa que reuniu também Fátima Campos Ferreira, Marisa Liz e Wandson Lisboa.
Podem ver o programa completo aqui e abaixo um excerto sobre a importância da memória para a democracia.
Encontros da semana
A semana foi marcada por encontros importantes.
No dia 8 de janeiro, estive com Jorge Pinto e Filipa Pinto, cabeças de lista pelo Porto, numa visita à redação do Jornal de Notícias (JN), reiterando o compromisso do LIVRE em proteger a imprensa livre — essencial para preservar o pluralismo e a integridade dos meios de comunicação e fortalecer a democracia.
E também participámos de uma reunião com os profissionais da cultura que destacaram a necessidade de melhorar as condições dos trabalhadores do setor cultural e o reconhecimento do valor social da arte. Além disso, estivemos com sindicatos para abordar esses requisitos, demonstrando comprometimento em apoiar e descentralizar a cultura.
A vida dos professores em Portugal tem sido marcada pela precariedade e instabilidade. Estive com Isabel Mendes Lopes, nº 2 da lista do LIVRE por Lisboa, e Paulo Muacho cabeça de lista por Setúbal, a participar de uma conversa com a FENPROF para abordar soluções para esses desafios. Neste encontro reforçamos no nosso compromisso com a valorização dos docentes e o fortalecimento da escola pública.
Um Planeta para a Liberdade dos Futuros
Uma conversa com João Reis, Cláudia Meca e Jorge Pinto, no próximo sábado, 13 de janeiro, às 16h00 no Auditório do Grupo Musical de Miragaia, no Porto.
Vale eficiência
Uma das iniciativas aprovadas que LIVRE remeteu na Assembleia da República é o Programa 3C - Casa, Conforto e Clima. Partilho um dos componentes desse programa, convidando todos e todas a se candidatarem caso necessitem de apoio para aquecer as suas casas no inverno ou arrefecer no verão — esta medida irá melhorar o conforto dos cidadãos e cidadãs em relação ao clima.
O site do deco proteste oferece informações sobre o apoio e no site do Fundo Ambiental podem encontrar o formulário para a candidatura.
A escolha do próximo ano é entre aqueles que querem rasgar o contrato democrático ou rescindir o contrato social que nos une desde o 25 de Abril ou quem o queira preservar e reforçar. Do lado do LIVRE é muito claro: queremos renovar este contrato para o futuro. Atualmente enfrentamos desafios múltiplos e temos uma campanha rigorosa para as eleições legislativas antecipadas de 2024. Diante da ameaça da extrema-direita, o LIVRE propõe melhorias para o país na qualidade de vida, fortalecimento da democracia, defesa dos Direitos Humanos e combate às alterações climáticas. Mas, para crescer, o partido precisa de apoio das mais variadas formas, principalmente apoio financeiro para a campanha que se avizinha. Por isso, deixo aqui um link para quem puder contribuir para impulsionar e a ajudar o LIVRE a eleger o grupo parlamentar que tratará qualidade, mudança, força para a Assembleia da República e propostas que mudarão a vida dos portugueses, portuguesas e residentes em Portugal.
Podem contribuir aqui. (Muito obrigado!)
Novo canal
Entretanto, decidi criar um canal no Telegram. É por aqui: https://t.me/ruitavarespt . Vemo-nos por lá!
Leituras da semana
Abaixo sugestões de leituras:
“O maior golpe da história do jornalismo.” Greve voltou a parar Global Media — Mariana Correia Pinto/Público
30% dos jovens nascidos em Portugal vivem fora do país — Joana Pereira Bastos e Raquel Alburquerque/Expresso
The Cosmopolitan Pre-Socratics: A History of Mankind (113) — David Roman
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Fala-me, ó musa, de um homem problemático
Sobre Emily Wilson, a mulher que se aventurou a ser a primeira a traduzir a Odisseia para inglês e o tipo de homens que se escandalizam com isso.
Mas vamos lá: chamar “complicado” a Ulisses é ou não ofensivo? E se fosse? É que a pergunta deve ir um pouco mais atrás: quem diz que é apenas suposto elogiar Ulisses na primeira linha da “Odisseia”?
Vamos à palavra tal como Homero, ou talvez “Homero”, a talvez disse primeiro e ele ou outro a escreveu depois, há cerca de entre 3000 e 2600 anos. A palavra — o primeiro adjetivo usado para descrever Ulisses na Odisseia é πολύτροπον, que se pode transcrever como “polítropon”, um acusativo de “πολύτροπος” (polítropos), para modificar o substantivo ἄνδρα, homem. Polítropon não é complicado de explicar: “poli-” quer dizer “muitos” e “tropos” que dizer “caminhos”, pelo que “polítropon” se poderia traduzir literalmente como “de muitos caminhos”. “Do homem conta-me, ó Musa, de muito caminhos” seria a tradução literal das primeiras palavras da “Odisseia”.
Leia o resto no Expresso para assinantes.