Olá amigas e amigos,
Bem-vindas e bem-vindos ao retorno de πολύτροπον (diz-se polítropon) - a minha carta semanal "de muitos caminhos". Após a campanha eleitoral, esta semana caminhamos pela incerteza do “não é não” de Luís Montenegro e algumas sugestões de como navegar em tempos incertos. Nosso caminho se cruza com o caminho da primeira líder parlamentar do LIVRE e dos três — comigo, quatro — representantes do LIVRE na Assembleia da República. No entanto, como a memória não deixa esquecer, relembro a emoção da apresentação do meu novo duplo livro.
Espero que gostem!
— E… No final da carta, partilho excertos de um ensaio publicado na Revista do Expresso que explica o nome desta carta (o primeiro adjetivo que Homero usa para descrever Ulisses na Odisseia).
Ah! Lembro que πολύτροπον (diz-se polítropon) - "de muitos caminhos" é inteiramente gratuita.
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Um abraço e um boa ano a todas e todos!
Rui
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“Não é não” é não a quê?
Aqui está um excerto da minha crónica no Expresso que será a última crónica até às eleições.
"Perante aquele “não é não”, tal como com o “Brexit means Brexit”, parecia chato perguntar “desculpe lá a insistência, mas «não é não» significa não a quê, exatamente?”. Oh homem, não ouviu que não é não?! O que é que quer saber mais? E foi assim que Luís Montenegro, um político que foi construindo toda a sua trajetória com base na ambiguidade, conseguiu continuar a ser ambíguo sem parecer que o estava a ser. O mesmo Luís Montenegro que dizia a este jornal, em 2016, que entre Trump e Clinton não conseguia escolher e provavelmente se absteria. Ou que quando André Ventura dizia as coisas mais racistas enquanto candidato do PSD, nunca lhe quis tirar o tapete. Ou que foi candidato à liderança contra Jorge Moreira da Silva, que concorria com uma plataforma clara de rejeição à extrema-direita. Agora, com uma ajuda preciosa de Pedro Nuno Santos e outra de Marcelo Rebelo de Sousa, continua a não ter de explicar se aquele “não é não” é só não a um governo de papel passado com o Chega mas não a um entendimento tácito, ou negociações discretas, ou a uma governação a correr atrás da agenda e das chantagens da extrema-direita.”
A crónica completa está no Expresso (cliquem no link para o texto completo para assinantes).
Algumas regras simples para navegar em tempos de incerteza
Na televisão da minha infância passava uma série cómica, paródia das telenovelas americanas do tipo “Dallas”, que tinha por título “Soap”. A cada episódio davam-se aquelas reviravoltas típicas do género “filho descobre o verdadeiro pai”, que se iam tornando cada vez mais bizarras a cada semana, incluindo a certa altura extraterrestres e possessões demoníacas. No fim de cada episódio, a voz de um narrador intimava-nos: “confuso? deixará de o estar com o próximo episódio de Soap”.
O gancho que prendia o espectador era a promessa de que no episódio seguinte a confusão se dissiparia. Como é evidente, a cada episódio a confusão era maior ainda, e lá vinha de novo a promessa: “confuso? deixará de o estar com o próximo episódio…”. É um pouco assim que todos nos sentimos agora, à espera da próxima vez em que a promessa da clarificação não será cumprida.
A razão essencial por que as eleições não conseguiram dissipar a incerteza no ambiente nacional é porque aquilo que estávamos (e estamos) a viver não é apenas uma crise política. Oxalá fosse! Mas como escrevi aqui logo em novembro passado, além de uma crise política, esta é uma situação com elementos de crise de regime. Após as eleições, estes elementos agravaram-se: o leque de resultados possíveis vai da ingovernabilidade ao dar o dito por não dito, passando por governos minoritários de várias configurações, novas eleições antecipadas ou conversas sobre “golpes de estado” internos em partidos para afastar as suas lideranças e possibilitar novas combinações.
Por detrás dos ciclos curtos do comentário e da agenda noticiosa, o país parece ficar à margem, perplexo e sobretudo angustiado. Precisamos todos de algumas notas sobre como navegar em águas encapeladas.
Leiam a crónica completa no Expresso (cliquem no link para o texto completo para assinantes).
A primeira líder parlamentar do LIVRE
Muito contente por fazer parte da equipa do LIVRE, na Assembleia da República, liderada pela Isabel Mendes Lopes que conhece o programa do LIVRE como ninguém e tem os valores certos para ajudar a construir um país capaz de dar uma vida excelente para todos.
O Grupo Parlamentar do LIVRE
Com a confiança de quase 200 mil eleitores e eleitoras, o LIVRE elegeu o tão desejado grupo parlamentar que irá apresentar propostas de progresso para melhorar a vida de todos os portugueses, portuguesas e residentes em Portugal. Muito obrigado pela confiança depositada. Juntos não somos apenas quatro pessoas eleitas, somos uma equipa em defesa da democracia, ecologia, do projeto europeu e direitos humanos.
Convosco, o primeiro grupo parlamentar do LIVRE. Muito Obrigado!
Não foi por Falta de Aviso | Ainda o Apanhamos!
No passado dia 02 de março, foi o lançamento do meu novo livro «Não foi por Falta de Aviso | Ainda o Apanhamos! . Casa e coração cheios. Obrigado a todos e todas que lá estiveram e ao Teatro do Bairro por nos ter aberto portas. Juntos daremos a volta a isto porque, sim, ainda o apanhamos!
Sigam aqui para saberem mais sobre o livro.
Quer trabalhar no parlamento?
O LIVRE abriu um concurso público para escolher os assessores e assessoras que acompanharão o nosso grupo parlamentar na próxima legislatura. Quem tiver interesse, pode se candidatar até ao dia 25 de março. Encorajámos todos os tipos de candidaturas e perfis. Boa sorte!
Sigam aqui para mais informações.
Primárias abertas do LIVRE para as eleições europeias
E as primárias abertas do LIVRE para as Eleições Europeias começaram! Participem e façam parte da construção de uma Europa democrática, social e comprometida com os Direitos Humanos! Se acreditam em um novo modelo de desenvolvimento, baseado na ciência e no conhecimento, juntem-se a nós!
Podem se candidar aqui.
Primárias abertas para as eleições regionais na Madeira
… E as primárias para as eleições regionais na Madeira também estão em curso. Passem a palavra e candidatem-se. Podem fazê-lo por aqui.
Telegram
É por aqui o meu canal no Telegram: https://t.me/ruitavarespt . Vemo-nos por lá!
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Fala-me, ó musa, de um homem problemático
Sobre Emily Wilson, a mulher que se aventurou a ser a primeira a traduzir a Odisseia para inglês e o tipo de homens que se escandalizam com isso.
Mas vamos lá: chamar “complicado” a Ulisses é ou não ofensivo? E se fosse? É que a pergunta deve ir um pouco mais atrás: quem diz que é apenas suposto elogiar Ulisses na primeira linha da “Odisseia”?
Vamos à palavra tal como Homero, ou talvez “Homero”, a talvez disse primeiro e ele ou outro a escreveu depois, há cerca de entre 3000 e 2600 anos. A palavra — o primeiro adjetivo usado para descrever Ulisses na Odisseia é πολύτροπον, que se pode transcrever como “polítropon”, um acusativo de “πολύτροπος” (polítropos), para modificar o substantivo ἄνδρα, homem. Polítropon não é complicado de explicar: “poli-” quer dizer “muitos” e “tropos” que dizer “caminhos”, pelo que “polítropon” se poderia traduzir literalmente como “de muitos caminhos”. “Do homem conta-me, ó Musa, de muito caminhos” seria a tradução literal das primeiras palavras da “Odisseia”.
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